Comissão adia votação de projeto que tira imposto de transporte público
Texto foi colocado na pauta devido a protestos em várias cidades. Proposta reduz impostos na aquisição de insumos para o transporte coletivo.

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou para a próxima semana a votação do projeto de lei que cria regime especial de incentivo para o transporte coletivo urbano. O texto desonera impostos do setor em casos de implantação de bilhete único ou da criação de rede integrada de transportes. O texto já foi aprovado na Câmara, mas como foi modificado no Senado, volta para a Casa antes da sanção.
A proposta tem como objetivo reduzir as tarifas de ônibus e vai além de medida provisória encaminhada pelo governo federal ao Congresso no início do mês. O projeto é de 2009 e estava parado no Senado desde outubro de 2012. O relator do texto na CAE, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), decidiu colocar o projeto na pauta devido aos protestos que levaram mais de 250 mil às ruas de 12 capitais e ao menos 16 cidades do interior nesta segunda. O aumento das tarifas de transporte é uma das razões para as manifestações.
O projeto prevê redução a zero do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) na aquisição de insumos relativos a operação dos serviços de transporte. Fica incluída a redução dos impostos de óleo diesel e bens de capital (veículos, chassis/carrocerias e pneus). O projeto também inclui a redução da tarifa de energia em até 75% em sistemas como os de trem e metrô, a ser compensada por aumento das tarifas aos demais consumidores.
Pelo projeto, a concessão dos benefícios não é automática, e depende de condicionantes que devem ser cumpridas tanto por empresas quanto por estados e municípios. O projeto prevê, por exemplo, a assinatura de convênio o governo federal para que estados e municípios se comprometam com a redução de tributos como o ISS e o ICMS. O bilhete único ou rede integrada também é requisito.
“É um regime de adesão voluntária. [...] O projeto cria sistema integrado. Ao aprovar essa legislação, o governo federal vai abrir mão do seu [recolhimento com impostos], os municípios vão abrir mão do seu, e caberá aos estados decidir se querem ou não”, disse.
O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) quer que a proposta seja analisada com mais tempo. “Sou totalmente favorável à eliminação de imposto de contribuição que atinja quem tem menor renda . Mas acredito que desoneração de qualquer imposto tem que ser analisado com cuidado. Muitas vezes uma eliminação de imposto representa menos recursos pra saúde e educação”, declarou o senador.
O projeto determina, ainda, que seja elaborado laudo demonstrando o impacto dos incentivos concedidos e determinando os valores máximos das tarifas para as empresas que aderirem ao novo regime. A empresa de ônibus fica obrigada a aderir a convênio com o compromisso de praticar as tarifas calculadas segundo o laudo.
Medida provisória
No início do mês, o governo federal publicou medida provisória que zera o pagamento do PIS e da Cofins de empresas de transporte coletivo urbano. A medida havia sido anunciada no fim de maio pelo Ministério da Fazenda como uma forma de evitar reajustes maiores nas tarifas de transporte. A mudança passou a valer a partir da data da publicação da MP, mas ainda precisa de análise do Congresso.
As alíquotas do PIS e do Cofins incidentes sobre o transporte coletivo urbano somam 3,65%. Com a isenção, o governo quer aliviar os custos das classes média e baixa, que se utilizam de ônibus e metrôs, impedindo um crescimento maior da inflação.
Fonte: G1
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