Delegado dificultava investigação do sumiço de Roberta, diz PC
Rubem Natário, titular de Penedo, desviava foco da apuração e tentava forçar mãe da jovem a mentir, afirma Cícero Lima

O coordenador da Delegacia de Homicídios, delegado Cícero Lima, afirmou em entrevista a uma rádio de Penedo, na manhã desta sexta-feira (6), que os policiais da Delegacia Regional da cidade do interior de Alagoas enganavam a família da jovem Roberta Dias e que o delegado Rubem Natário desviava o foco das investigações. O mistério que envolvia o desaparecimento de Roberta, que sumiu há 1 ano e 5 meses quando saiu de casa para fazer um exame pré-natal, teve fim na manhã de hoje.
“A mãe da vítima só era chamada à delegacia para que os policiais tomassem conhecimento do que ela sabia, e o delegado Rubem Natário falava para ela: 'você escondeu a sua filha em São Paulo. Diga que escondeu'”, relatou Lima. “Ou seja, desviando as investigações”.
O delegado afirmou que os policiais enganaram os familiares de Roberta por diversas vezes, quando eles iam à delegacia em busca de informações. “Faziam os familiares da Roberta de tolos”, completou Cícero Lima. Mais cedo, o secretário de Defesa Social, Dário César, afirmou que o caso passou para a Deic (Divisão Especial de Investigação e Capturas da PC) porque a investigação não "andava" na delegacia de Penedo. Foi a Deic que descobriu o envolvimento de policiais no crime.
A mandante do crime foi a mãe do namorado de Roberta, segundo a delegada Ana Luiza Nogueira, que coordenou a operação que prendeu nove pessoas na manhã de hoje, entre elas policiais civis envolvidos na morte da jovem grávida. A mulher, identificada como Meirijane, estaria inconformada com a gravidez e teria pago R$ 30 mil para a execução do crime, de acordo com depoimentos colhidos pela polícia.
Entre os presos nesta manhã, além de policiais, estão pessoas da comunidade local e o secretário municipal de Comunicação do município, Rafael Medeiros. A operação, que se dividiu em três frentes, acabou desarticulando uma organização criminosa envolvida com crimes de homicídios e tráfico de drogas na região do Baixo São Francisco.
Delegacia era "boca de fumo", afirma Cícero Lima
Cícero Lima disse, ainda, que durante a gestão de Rubem Natário a delegacia de Penedo era, como se diz no popular, uma "boca de fumo". “Praticava-se tráfico de entorpecentes dentro da delegacia”, afirmou Lima.
Segundo o delegado, o esquema funcionava assim: após apreensão de drogas, os policiais telefonavam para os traficantes, que vendiam metade dos entorpecentes apreendidos e repassavam parte do dinheiro aos agentes.
Relembre o caso
Roberta era aluna do Ifal em Penedo e foi vista na cidade pela última vez quando, segundo sua família, saiu de casa para fazer uma consulta pré-natal e, logo depois, se encontraria com o namorado, um adolescente, pai do filho que ela estava esperando. Roberta havia completado dois meses de gravidez.
Antes de desaparecer, a estudante foi vista na casa do namorado e depois na clínica, onde fez a consulta na companhia de uma amiga, que não teve o nome divulgado. A jovem foi vista pela última vez num ponto de ônibus. Ela vestia blusa azul e bermuda jeans.
Durante as investigações do caso, a Polícia Civil de Penedo colheu depoimentos de pessoas ligadas a Roberta, da amiga que a acompanhou à clínica, do namorado e de seus pais. O celular e o computador de Roberta também foram periciados em busca de pistas sobre seu paradeiro, mas, até agora, o delagado não revelou se a análise ajudou a esclarecer o sumiço da jovem.

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